O deputado infrafirmado vem, com esteio nos dispositivos regimentais, fazer inserir na ata dos trabalhos desta Egrégia Casa Legislativa, Moção de congratulações pela passagem do aniversário de 73 anos de emancipação político-administrativa do município de Coração de Maria, celebrado dia 1º de junho de 2017.
“Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá. Que a fé tá na mulher, a fé tá na cobra coral, ô, ô, num pedaço de pão….”
A letra da música Andar com fé, do cantor e compositor baiano Gilberto Gil, guarda enorme identificação com a história do município de Coração de Maria, localizado no Território de Identidade Portal do Sertão, a 110 quilômetros da capital Salvador.
A fé faz parte de um dos elementos centrais na construção da sociedade mariense. A gênese da cidade remonta à construção, em 1848, de uma capela de palha consagrada ao Santíssimo Sagrado Coração de Maria, no então povoado de Lajes – onde hoje se localiza o distrito de Itacava -, pelos amigos João Manoel da Mata, Macrino Simões Ferreira e Antônio Fidélis de Cerqueira Daltro, devotos do santo.
O recrudescimento do fluxo religioso de pessoas em torno das missas na capela, acabou por contribuir com o progresso da região. Logo depois a capela foi anexada à freguesia do Santíssimo Sagrado Coração de Jesus do Pedrão. Com a chegada do jesuíta Frei Paulo de Carnicalle à localidade, houve um movimento para a construção da Igreja Matriz em substituição à capela de palha, em 1853, que terminou por consagrar o nome de Santíssimo Sagrado Coração de Maria.
O arraial-sede dessa Freguesia foi elevado ao status de vila em 10 de março de 1891, por força do Decreto Estadual nº 199, do então governador José Gonçalves da Silva (1838 – 1911), mesmo decreto que havia instalado o município de Coração de Maria. A medida revelou a força política do Senador Estadual José Félix de Carvalho, que também ocupava a função de Coronel da Guarda Nacional.
O município de Coração de Maria, originalmente, compreendia uma extensão territorial muito maior, vindo a ter alterado por vezes os limites estabelecidos anos após, em decorrência das alternâncias no poder estadual. A cidade tem hoje uma área de 372.315 quilômetros quadrados, de clima tropical ameno e uma população da ordem de 25 mil habitantes, conforme Censo do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
A instabilidade acerca da definição territorial de Coração de Maria continuou. O formato atual foi restabelecido em 19 de agosto de 1914, através da Lei nº 1057, assinada pelo governador de então, José Joaquim Seabra, que devolveu ao município o distrito de São Simão, condição que permanece nos dias de hoje. A vila veio a receber a categoria de cidade em 30 de março de 1938.
Cinco anos depois, em 31 de dezembro de 1943, um Decreto-Lei Estadual extinguiu o município e o anexou à cidade vizinha de Irará. O novo ataque à autonomia territorial de Coração de Maria durou somente cinco meses. Em 1º de junho de 1944, o Decreto-Lei Estadual nº 12.978 restabeleceu sua condição de município com o nome atual, data em que se celebra sua emancipação político-administrativa.
Localizada na Área de Expansão Metropolitana de Feira de Santana, a cidade tem como municípios limítrofes Feira de Santana, Irará, Conceição do Jacuípe, Pedrão, Teodoro Sampaio e Santanópolis. A concentração populacional se localiza na zona rural, embora tenha se verificado nos últimos anos um crescimento na taxa da população urbana. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) é de 0,592 – medido em 2010 pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, agência da ONU – Organização das Nações Unidas.
A base da economia de Coração de Maria se sustenta nas atividades do binômio agricultura/ pecuária. Nos últimos anos, o comércio crescente tem sido outro sustentáculo da atividade econômica mariense, com a chegada de novas empresas, o que tem gerado emprego e renda para o município, sobretudo no setor de abate de aves e produção de artefatos em couro e plásticos, a exemplo de bolsas, malas e sacolas. Mandioca, fumo, amendoim, milho, banana, coco, abacaxi e laranja são as principais culturas exploradas no solo local.
Se o surgimento da cidade tem a fé como elemento central, a luta cotidiana de seu povo pela autonomia territorial e crescimento econômico são a matéria-prima da história de Coração de Maria. Uma saga construída pela mistura da crença no Menino Jesus do Divino do Coração de Maria e o suor que escorre diariamente do rosto mariense para suprir a não rara ausência governamental.
Dessa labuta, nasceu um povo guerreiro, trabalhador. Leal às origens. Que ama sua terra. Povo que não abre mão de andar com fé, onde ela não costuma falhar. Fé no trabalho, no homem, no vizinho, na família, no amigo, na feira, na missa. Fé na vida. E como disse o autor de A Linha e o Linho, fé na mulher e no pedaço de pão.
Daquela gente.
Pelo exposto, é que venho prestar esta justa homenagem ao município de Coração de Maria e toda a população local.
Que seja dado conhecimento desta moção à Prefeitura Municipal de Coração de Maria, à Câmara Municipal de Vereadores local, à Executiva Estadual do Partido Social Democrático (PSD).
Sala das Sessões, 31 de maio de 2017
ANGELO CORONEL
Dep. Estadual – PSD