Reforma da Previdência: Angelo Coronel diz que não está no Senado para fazer “maldades” com a população

O senador Angelo Coronel se mostrou bastante preocupado com o tratamento que será dado a algumas categorias de trabalhadores na reforma da Previdência.

O presidente Jair Bolsonaro entregou pessoalmente ao Congresso Nacional nesta 4ª feira, 20, o texto com as mudanças propostas pelo Governo para as regras da aposentadoria. Ele será analisado, discutido e votado pela Câmara dos Deputados e em seguida pelo Senado.

“Temos os militares, o trabalhador rural, os professores, temos quem entrou novo no serviço, aos 18 anos, e que hoje, pelo o que se fala na imprensa, será um dos grandes prejudicados. E é sobre isso que nós vamos nos debruçar, para que possamos opinar com mais razoabilidade a partir de amanhã”, disse Angelo Coronel em entrevista à Rádio Senado, pouco antes da chegada de Bolsonaro ao Congresso.

Angelo Coronel tem preocupação especial com os chamados trabalhadores braçais. “Nós temos que olhar bem para o trabalhador rural, porque são responsáveis por colocar comida na mesa do povo brasileiro; é exposto ao sol, ou seja, a todas as intempéries da vida, e nós temos que olhar isso com muito carinho. Tem os trabalhadores da construção civil, que trabalham em periculosidade, em prédios altos, com risco de cair. Trabalhadores em barragens, de torres, os policiais que fazem patrulhamento. Têm que ser olhados também e serem incluídos no texto da Previdência”, advertiu o Senador baiano.

Frisando que não é da base do governo, mas que também não é oposição, Angelo Coronel vai estudar o assunto com a ajuda dos consultores legislativos do Senado que conhecem bastante Previdência Social.

“Nós não podemos é ir de encontro à sociedade Brasileira, principalmente para que aqueles que estão próximos de se aposentar não sejam prejudicados. Não estou aqui para passar oito anos no Senado e ser protagonista de maldades com aqueles que deram duro pela sua subsistência”, assegurou Coronel.

Experiência em reforma ajudará na discussão

Ele traz para a discussão da reforma a experiência de seus mandatos como deputado estadual na Bahia, onde houve resistência à mudança nas regras de contribuição, com aumento da alíquota dos servidores públicos para 14%.

“E aqui também vai ter essa guerra, porque quem ganha mais, principalmente quem devolve recursos, os funcionários públicos que devolvem recursos porque estão acima do teto, eu acredito que vão ser mais taxados. E aqueles que ganham menos, tenho convicção também que deveriam ter uma taxação menor. Eu acho que 7% seria um bom número para quem recebe menos, salários baixos, e aqueles que devolvem podem ter um percentual maior. Já que devolvem mesmo, vamos devolver para a Previdência”, acredita o senador.

Outros que também preocupam bastante Angelo Coronel são os idosos. O senador teme que a reforma proposta por Bolsonaro desvincule o Benefício por Prestação Continuada (BPC), pago a quem nunca teve condição de contribuir para se aposentar, do reajuste do salário mínimo.

Na entrevista, ele citou o exemplo das reformas no Chile e no Japão. No Japão, inclusive, segundo Coronel, há idosos que cometem delitos para serem presos e na cadeia poderem comer e ter um lugar para dormir, justamente “porque lá não se olhou para os mais velhos”, complementa Coronel.

Veja a entrevista completa: