O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) voltou a garantir que existe dentro do Palácio do Planalto um gabinete destinado a espalhar informações falsas e a atacar adversários do Governo Federal.
A declaração de Frota foi dada durante depoimento que durou mais de cinco horas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a disseminação de informações falsas nas redes sociais e em aplicativos de mensagens, a CPMI das Fake News.
O deputado, que de aliado passou a ferrenho opositor do presidente Jair Bolsonaro, disse que o gabinete comanda uma verdadeira milícia virtual e nele trabalham três assessores que são servidores da Presidência da República, ou seja, têm salários pagos com o dinheiro público.
Os três assessores, de acordo com Frota, trabalham na sala ao lado do gabinete do presidente Jair Bolsonaro e são Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz.
Frota foi além, garantindo que esse gabinete é comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente.
“O Planalto virou porto seguro desses terroristas digitais. Fui expulso porque denunciei”, declarou o deputado, fazendo referência a saída dele do PSL, partido do Governo.
Frota disse que a milícia virtual atua por intermédio de perfis falsos e robôs que espalham mensagens, e, citando o PT, acrescentou que a oposição também espalhou fake News na eleição de 2018.
Ele citou a si próprio como uma das vítimas da milícia e mais a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), o ex-líder do governo no Congresso, o vice-presidente Hamilton Mourão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o do Senado, David Alcolumbre, o do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli e a apresentadora Raquel Sheherazade.
Os três assessores da Presidência foram convocados a prestar depoimento à Comissão, mas ainda não há data marcada.
Há requerimento para que Carlos Bolsonaro também compareça à CPMI, o que precisa ser aprovado em votação na Comissão, mas igualmente ainda não existe prazo.
Queiroz – A reunião foi marcada pelo embate político entre Alexandre Frota e os deputados aliados do governo.
Por isso, as discussões acabaram descambando para assuntos que não são objeto da CPMI, como o caso Queiroz.
Alexandre Frota revelou que no dia em que discursou na Câmara e pediu a prisão do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), recebeu um telefonema de Jair Bolsonaro reclamando do posicionamento do deputado.
Frota disse mais e assegurou que em outra oportunidade, em uma solenidade no Palácio do Planalto, Bolsonaro o pegou pelo braço e pediu: “Fecha essa matraca, porra! A gente quer continuar o casamento com você!”.
O deputado disse que há um vídeo com essa cena gravada em que é possível ouvir o pedido do Presidente.
Ele informou que entregou o vídeo à CPMI e prometeu apresentar à Comissão outras nove gravações (áudio) que ele classifica como “bombas”.
O deputado Rui Falcão (PT-SP) pediu à CPMI que quebre o sigilo telefônico de Alexandre Frota do dia em que ele diz ter recebido a ligação do Presidente da República.
Frota não fez qualquer oposição ao pedido.
Gravidade – Ao final da reunião, o presidente da CPMI, senador Angelo Coronel (PSD-BA), fez uma boa avaliação do depoimento de Alexandre Frota.
“Se o que o deputado Alexandre mostrou for confirmado, é muito grave. Não quero prejulgar, mas se tudo tiver mesmo a gravidade como ele colocou, tudo pode acontecer”, respondeu Coronel a um jornalista que queria saber se o que o deputado disse na CPMI pode levar a Comissão a indicar um possível crime de responsabilidade por parte do Presidente da República.
Coronel informou que o material trazido por Alexandre Frota será analisado pelo corpo jurídico da CPMI e confirmou para o dia 12 de novembro o depoimento de Joice Hasselmann.
Na próxima 3ª feira, 5, a CPMI ouve o jornalista Allan dos Santos, responsável pelo blog Terça Livre, que apoia o governo.
Na 4ª, 6, será a vez de representantes de plataformas de checagem de informações e de representantes da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação.
Dessa forma, segundo Coronel, a CPMI manterá o ritmo de duas reuniões semanais, com audiências públicas e tomada de depoimentos, buscando celeridade para cumprir os 162 requerimentos aprovados pelos integrantes do colegiado.
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