A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a disseminação de informações falsas em redes sociais e por intermédio de aplicativos de mensagens, a CPI das Fake News, ouviu nesta 3ª feira, 26, o ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, General Carlos Alberto dos Santos Cruz.
O general, que foi convidado a ir à CPI, falou sobre os ataques virtuais que sofreu quando estava no Governo.
Ele trouxe um print (impressão) de um falso diálogo dele, no whatsapp, falando mal do Presidente Jair Bolsonaro e seus filhos e conspirando contra o governo, dizendo que o grupo dele de militares levaria o vice-presidente, Hamilton Mourão, ao poder.
Santos Cruz garantiu que não tem ideia de quem é o autor do diálogo atribuído a ele, mas admite que é possível que faça parte do mesmo grupo que desde a campanha eleitoral de 2018 desfere ataques virtuais contra os adversários do Governo e contra instituições como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Ele concorda que esse grupo pode ser chamado de ‘milícia digital”, reconhecendo que ele – o grupo – “constrange e intimida”.
Santos Cruz, no entanto, não citou nenhum nome como integrante desse grupo.
Ele foi pressionado pelos deputados Alexandre Frota (PSL-SP) e Ivan Valente (Psol-SP) a apontar nomes e a falar sobre a existência do “Gabinete do ódio”, que agiria – segundo depoimento de Alexandre Frota na própria CPI – dentro do Palácio do Planalto, ao lado da sala de Bolsonaro, com salários pagos pelo dinheiro público e objetivo de atacar pela internet adversários do governo.
“Nunca escutei essa expressão (gabinete do ódio) enquanto estive no governo”, garantiu Santos Cruz.
Na reunião desta 3ª feira, Frota disse que o general sofreu mais de três mil ataques desse gabinete, que de acordo com o deputado é comandando na verdade por Carlos Bolsonaro e pelo escritor Olavo de Carvalho.
Santos Cruz não quis falar sobre ataques que sofreu do filho do presidente, administrador da conta do pai no twitter, “pode ser, né? É uma coisa hipotética”, mas disse que considera “deselegante e falta de educação ataques pessoais”.
E foi aí a única vez em que o ex-secretário de governo, que deixou o cargo em junho, atacou alguém em seu depoimento.
Ele chamou Olavo de Carvalho de vigarista e condenou o “baixo nível de expressão” do escritor, reconhecendo que ele é uma das pessoas mais influentes na gestão de Jair Bolsonaro.
Frustração – O presidente da CPMI, Senador Angelo Coronel (PSD-BA) considerou que o depoimento de Santos Cruz ficou abaixo da expectativa.
Coronel achou que o general “saiu pela tangente” durante todo tempo, “dizendo apenas que não sabia e que ouviu dizer”.
“Foi um dos depoimentos que menos somou e que menos contribuirá para o desfecho das nossas investigações”, resumiu Coronel.
“Não sei se estava sendo pressionado para não abrir o jogo aqui na CPI”, suspeitou o senador, revelando que foi proposto a Santos Cruz que desse depoimento secreto.
De acordo com o Senador, o ex-secretário de governo recusou.
Mesmo assim, o presidente da Comissão acha que o que foi dito por Santos Cruz ratifica a existência de uma rede de pessoas empenhadas em espalhar informações falsas.
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